quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Gomorra

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Logo de cara, algo me incomodou no cartaz de Gomorra, filme do italiano Matteo Garrone. Entre alguns destaques de opiniões da imprensa e o alardeado Grand Prix no último Festival de Cannes, havia um letreiro dizendo algo como “o Cidade de Deus italiano”. Claro que isso não fazia parte do cartaz original e deve ter sido idéia de algum gênio da distribuição nacional ou frase da crítica “especializada”. O fato é que acabei entrando na sessão com a frase na cabeça e com a tarefa de tentar descobrir se tal comparação fazia algum sentido.

Gomorra se refere à máfia local da cidade de Nápoles, a Camorra. No filme, várias histórias são contadas – a saber, dois jovens ignorantes e aspirantes a mafiosos, um menino que entra para o grupo como uma tentativa de obter proteção e ascensão social, um homem que faz o pagamento das famílias protegidas pela máfia, um costureiro que dá aulas a chineses sem que seus empregadores italianos saibam e um especialista em se livrar do lixo dos outros, literalmente – que, eventualmente, se ligam em algum grau. Apesar das histórias individuais, fica claro que o objetivo é demonstrar a vida e seus desdobramentos dentro de um universo controlado em sua totalidade pela máfia italiana. Da praticamente inexistente ação da polícia a dependência dos moradores dos bairros, em Gomorra todos estão sujeitos a ação dos mafiosos e são obrigados a escolher um dos lados para sobreviver na “guerra” dos grupos que lutam pelo poder absoluto.


Para seu tema atual e pesado, Garrone se utiliza de todos os efeitos técnicos e estéticos para representar com imagens toda a dureza e crueza que há na vida dos subúrbios de Nápoles. A câmera na mão e um estilo quase documental de filmar reforçam tal urgência (termo na moda, bastante utilizado hoje em dia) de denunciar (outro termo na moda) as ações da Camorra, que não raramente passam impunes pela justiça. A máfia de Gomorra está bem longa da máfia da família Corleone de Copolla ou dos bares e jantares do Al Capone de De Palma. Ainda que direcionem seus olhares para esse estilo de vida glamourizado, a vida real parece estar mesmo longe da bela fantasia e, a preferência por Tony Montana (personagem central de Scarface, versão de 1983) só demonstra mesmo como os integrantes da Camorra e da máfia verdadeira vivem apenas de sujeira e ilusão (vide a história dos dois jovens), mesmo usando seus agasalhos a la Tony Soprano.


A opção por esse forma mais crua de construir seu filme é o primeiro fato que contesta a referência ao filme do brasileiro Fernando Meirelles. Se Gomorra evita a todo custo uma estilização moderna de suas imagens ou outras formas mais clássicas para desenvolver sua narrativa, Cidade de Deus se apresentava como um espetáculo videoclíptico que somava vários recursos da produção audiovisual da década de 90 e 2000 (principalmente àquela estabelecida com a geração MTV) com um tema essencialmente nacional: a violência e a favela. O que Cidade de Deus fez foi transformar o tema principal e vício do cinema nacional em algo que o grande público pudesse assistir sem muita dificuldade, ao contrário do que fez o cinema novo, que pensou algo parecido, mas não conseguiu se livrar de produzir um cinema consumido apenas por uma pequena elite.


Talvez se possa olhar para os dois filmes, o de Meirelles e o de Garrone, como tentativas de exportar o cinema de seus respectivos países e resgatar ou conquistar olhares do exterior. Se não for um pensamento errado, no caso do primeiro cineasta, deu certo. Ao fazer um filme com um tipo de estética amplamente conhecida e digerida em todo o mundo, Meirelles deu o primeiro passo para sua carreira internacional além de contribuir para que a atenção dada ao cinema brasileiro (que sempre existiu mais em alguns momentos e menos em outros) se reafirmasse e se reforçasse, mesmo que isso acabe soando mais como uma derrota (“se não pode com eles, junte-se a eles”) do que como uma vitória de nossa originalidade. Já Garrone, parece tentar reproduzir em sua crueza um passado do que já foi um dia uma das cinematografias mais influentes do mundo (o neo-realismo) que é a cinematografia italiana, que já há alguns anos carece de produções com boa repercussão mundial. O problema é que talvez ele não tenha se dado conta de que toda a crueza e dureza expostas em seu filme, também já é hoje em dia um recurso cansativamente utilizado, como já foi o glamour da máfia da qual ele tenta se afastar.


Mas, a denuncia nunca é demais e ainda é valida, mesmo que feita através das mesmas novas-velhas fórmulas, vendidas como originais. Assim como foi feito no filme do nosso Zé Pequeno.


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sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Lista de Indicados Oscar 2009

Nasceu! Ou melhor, saiu a lista de indicados ao Oscar 2009. Para os lobistas de plantão, Batman – O Cavaleiro das Trevas não foi indicado a melhor filme ou melhor direção. Apenas a esperada indicação de Heath Leadger e uma penca de categorias técnicas. O Curioso Caso de Benjamin Button segue na frente com treze indicações, mas algo me diz que o filme de Fincher vai ser daqueles que acabam a noite embriagados, tamanha a frustração de não ganhar nada ou quase nada. Do jeito que é a Academia, isso é apenas um palpite com base no passado. O “filme indiano” de Danny Boyle, Quem Quer Ser Um Milionário, segue em segundo com dez indicações. Até o dia do Oscar, no dia 22 de fevereiro, estrearão mais alguns filmes da lista de indicados. Vale a pena conferir se são nomeações merecidas, mas como Inês é morta, não adianta mais reclamar e só vai restar mesmo dar o seu palpite.

A seguir, a lista de indicados, junto com meu protesto por Wall-E não estar competindo na categoria de Melhor Filme e com a minha torcida para Mickey Rourke ganhar o prêmio de Melhor Ator e ir receber o prêmio bêbado, como fez no Globo de Ouro só para horrorizar Rubens Ewald Filho.




Melhor Filme:
O Curioso Caso de Benjamin Button
Frost/Nixon
Milk- A Voz da Igualdade
O Leitor
Slumdog Millionaire

Melhor Diretor:
David Fincher, O Curioso Caso de Benjamin Button
Ron Howard, Frost/Nixon
Gus Van Sant, Milk- A Voz da Igualdade
Stephen Daldry, O Leitor
Danny Boyle, Slumdog Millionaire

Melhor Atriz:
Anne Hathaway, O Casamento de Rachel
Angelina Jolie, A Troca
Melissa Leo, Frozen River
Meryl Streep, Dúvida
Kate Winslet, O Leitor

Melhor Ator:
Richard Jenkins, The Visitor
Frank Langellla, Frost/Nixon
Sean Penn, Milk- A Voz da Igualdade
Brad Pitt, O Curioso Caso de Benjamin Button
Mickey Rourke, O Lutador

Melhor Roteiro Original:
Courtney Hunt, Frozen River
Mike Leigh, Happy-Go-Lucky
Martin McDonagh, In Bruges
Dustin Lance Black, Milk- A Voz da Igualdade
Andrew Stanton, Jim Reardon and Pete Docter, WALL-E




Melhor Roteiro Adaptado:
Eric Roth and Robin Swicord, O Curioso Caso de Benjamin Button
John Patrick Shanley, Dúvida
Peter Morgan, Frost/Nixon
David Hare, O Leitor
Simon Beaufoy, Slumdog Millionaire




Melhor Ator Coadjuvante:
Robert Downey Jr., Trovão Tropical
Michael Shannon, Foi Apenas um Sonho
Philip Seymour Hoffman, Dúvida
Heath Ledger, Batman- O Cavaleiro das Trevas
Josh Brolin, Milk- A Voz da Igualdade

Melhor Atriz Coadjuvante:
Amy Adams, Dúvida
Penelope Cruz, Vicky Cristina Barcelona
Viola Davis, Dúvida
Taraji P. Henson, O Curioso Caso de Benjamin Button
Marisa Tomei, The Wrestler

Melhor Filme de Animação:
Bolt
Kung Fu Panda
WALL-E

Melhor Direção de Arte:
A Troca
O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman - O Cavaleiro das Trevas
A Duquesa
Foi Apenas um Sonho

Melhor Fotografia:
A Troca
O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman- O Cavaleiro das Trevas
O Leitor
Slumbag Millionaire

Melhor Edição:
O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman - O Cavaleiro das Trevas
Frost/Nixon
Milk- A Voz da Igualdade
Slumdog Millionaire

Melhor Música Original:
Down to Earth de WALL-E, Peter Gabriel e Thomas Newman
Jai Ho de Slumdog Millionaire, A.R. Rahman e Gulzar
O Saya de Slumdog Millionaire, A.R. Rahman e Maya Arulpragasam

Melhor Trilha Original:
O Curioso Caso de Benjamin Button, Alexandre Desplat
Defiance, James Newton Howard
Milk- A Voz da Igualdade, Danny Elfman
Slumbag Millionaire, A.R. Rahman
WALL-E, Thomas Newman

Melhor Figurino:
Austrália
O Curioso Caso de Benjamin Button
A Duquesa
Milk- A Voz da Igualdade
Foi Apenas um Sonho

Melhor Maquiagem:
O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman- O Cavaleiro das Trevas
Hellboy II: O Exército Dourado

Melhor Curta:
La Maison en Petits Cubes
Lavatory - Lovestory
Oktapodi
Presto
This Way Up




Melhor Documentário:
The Betrayal (Nerakhoon)
Encounters at the End of the World
The Garden
Man on Wire
Trouble the Water




Melhor Documentário em Curta Metragem:
The Conscience of Nhem En
The Final Inch
Smile Pinki
The Witness - From the Balcony of Room 306




Melhor Filme Estrangeiro:
The Baader Meinhof Complex, Alemanha
The Class, França
Departures, Japão
Revanche, Austria
Valsa com Bashir, Israel

Melhor Mixagem de Som:
O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman- O Cavaleiro das Trevas
Slumbag Millionaire
WALL-E
O Procurado

Melhor Edição de Som:
Batman- O Cavaleiro das Trevas
Homem De Ferro
Slumbag Millionaire
WALL-E
O Procurado

Melhor Efeitos Especiais:
O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman- O Cavaleiro das Trevas
Homem De Ferro

O Curioso Caso de Benjamin Button
















Era o final da Primeira Grande Guerra Mundial e Benjamin Button nascia em circunstâncias incomuns: seu enrugamento não era devido aos nove meses banhado em líquido, mas a um estado quase decréptico, como se Benjamin Button estivesse no fim de sua vida, nos últimos instantes antes de sua morte. Apavorado, seu pai o larga em uma porta qualquer, que ironicamente se revela uma casa de repouso de idosos. Benjamin então é criado lá como se não tivesse muito tempo de vida, mas, com o passar dos anos, percebe que ao contrário das outras pessoas, ao invés de envelhecer fisicamente ele está ficando mais jovem.


É baseado num conto do autor estadunidense F. Scott Fitzgerald, que o diretor David Fincher (Seven, Clube da Luta, Zodíaco) repete pela terceira vez a parceria com o ator Brad Pitt e cria uma bonita fábula para adultos sobre a morte, o passar do tempo e a aceitação do diferente.


O Curioso Caso de Benjamin Button conta a saga de seu personagem título nascido em Nova Orleans, no estado de Louisiana, desde o ano de 1918 até 2005, com a chegada do Furacão Katrina. O roteiro do filme é de Eric Roth, o mesmo de Forrest Gump – O Contador de Histórias, e talvez por isso a semelhança com a trajetória do personagem abobado de Tom Hanks se faça presente em muitos momentos. Benjamin, ao longo dos anos e com a curiosidade daqueles que são obrigados a enxergar a vida com outros olhos, passa por momentos históricos do século XX e, se não os influencia diretamente como Forrest, não deixa de se enriquecer com todas as experiências.


E assim como o personagem de 1994, ele também cultiva um amor durante toda a vida. Daisy conheceu Benjamin quando os dois ainda eram “crianças” e, apesar de não se prender a esse amor, ele nunca se esqueceu da bela jovem. Entre encontros e desencontros, é no meio de suas vidas, por volta dos quarenta e poucos anos, quando os dois parecem ter fisicamente a mesma idade, que se desenvolvem as reflexões sobre o tempo e a morte de maneira mais presente e inevitável.


No filme de Fincher, a morte é constantemente lembrada como característica intrínseca à vida. Como dizem os personagens, mesmo que lutemos contra e reclamemos, quando chegar a nossa hora, não há nada a fazer a não ser se conformar. A partir disso, pensar como Benjamin Button é pensar como alguém que não permitiu que eventuais adversidades pudessem impedi-lo de descobrir a vida e tudo o mais que ela tem a oferecer.


Assim como uma fábula, cheia de signos e símbolos, a impecável direção de arte, a trilha sonora, a incrível maquiagem, a montagem, tudo construído para capturar o espectador e levá-lo a imergir nesse mundo extremamente misterioso e atraente aos olhos do personagem título. Mas, ao mesmo tempo, um estranho realismo se alia o tempo todo com esses artifícios representativos. Talvez um tema tão caro aos homens até hoje como é a morte ou a passagem de um conto-de-fadas na recém destruída Nova Orleans nos traga a todo o momento de volta ao mundo real, percebendo que aquela história fala de nós mesmos, de nossos medos, de nossos preconceitos, e de nossos sonhos frustrados ou abandonados pelo caminho.


A posição curiosa de Benjamin Button, sua tranquilidade e sua forma de olhar para tudo como se fosse a primeira vez, vai revelando a nossa frente todo um mundo fascinante, e como ele mesmo diz a certa altura do filme, que não olha para si mesmo, nós também deixamos de prestar atenção nele (que contorna em pouco tempo o caráter grotesco de sua aparência em um incrível carisma) para olharmos para o mesmo mundo e para as figuras que encontramos pelo caminho, como se não conseguíssemos mais fazer isso na vida real, quando nossa visão está tão acostumada a tudo, que só precisamos de um detalhe ou de um vislumbre para “concluir” o resto. Talvez por isso, apesar de sabermos seu destino, a cada fase de rejuvenescimento nos espantemos mais com sua aparência, com a qual rapidamente já havíamos nos acostumado antes. É na dificuldade e obstinação ao andar de muletas, num tímido olhar no elevador, na fala mansa, sulista e arrastada ou na postura de um corpo franzino de um quase adolescente que nos transformamos e reagimos da mesma forma que Benjamin, nos identificando, cada um da sua maneira.


Depois do reconhecimento de uma carreia construída com filmes de temáticas fortes como o thriller Seven – Os Sete Pecados Capitais, o cult Clube da Luta e o tenso Zodíaco, David Fincher escolhe aqui um trabalho bastante diferente na história de sua cinematografia, e se sai bem. Se O Curioso Caso de Benjamin Button não é a fábula contemporânea definitiva, é ao menos um belo trabalho de maturidade, seja de seus criadores – e aqui destaco as figuras essenciais de David Fincher e Brad Pitt -, seja do próprio personagem título, que mesmo tendo como “adversidade” uma característica que é o sonho de muitas pessoas, percebe que o caminho do início ao fim acaba sendo bastante semelhante aos que são normais. E é brilhantemente que Daisy diz à frase que resume nossas vidas: “no final, todos nós usamos fraldas”. ;-)




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domingo, 18 de janeiro de 2009

Retrospectiva 2008 - segunda parte

Por alguns problemas técnicos, esse post vai sem imagens. Ficarei devendo desta vez.   ;-)


Julho


Livro de Cabeceira (Peter Greenway) deu inicio aos filmes do mês de férias. Em seguida, Carlitos encontra 2001: Uma Odisséia no Espaço na obra-prima da Pixar, Wall-E (Andrew Stanton). O visceral Cidade Baixa (Sérgio Machado) e o excelente O Prisioneiro da Grade de Ferro (Paulo Sacramento) foram os destaques nacionais. Para completar, o tocante O Escafandro e a Borboleta (Julian Schnabel), o melancólico Morangos Silvestres (Ingmar Bergman) e o maior sucesso comercial do ano Batman – O Cavaleiro das Trevas (Christopher Nolan).



Agosto


O mês do meu aniversário foi um mês de clássicos. Começou com O Anjo Exterminador (Luís Buñuel), seguiu com Manhattan (Woody Allen), o decepcionante Os Bons Companheiros (Martin Scorcese), o comovente neo-realista Ladrões de Bicicleta (Victorio De Sicca), o, por ora, meu filme favorito de Glauber Rocha, Dragão da Maldade, mais um Bergman em Gritos e Sussurros. Menção para outro filme nostálgico como Chega de Saudade, mas desta vez vindo da França, Quando Estou Amando (Xavier Giannoli), para o interessante Time (Kim Ki-Duk) e para o melodramático musical de Lars Von Trier, Dançando no Escuro.



Setembro


Mês de mostras e do novo de Fernando Meirelles agitaram setembro. Da retrospectiva Alain Resnais – A revolução discreta da memória, pérolas como Providence, Muriel ou o Tempo de um Retorno e A Guerra Acabou fizeram-me entender e admirar ainda mais o diretor dos obrigatórios Hiroshima, Mon Amour e o Ano Passado em Marienbad. A mostra Oriente Desconhecido (também realizada no CCBB de São Paulo) reuniu um pouco do trabalho de diretores relevantes da cinematografia asiática. Pude conferir Xiao Wu – Artisan Pickpocket (Jia Zhang-ke), All Tomorrow´s Parties (Yu Lik-Wai) e na primeira semana de outrubro ainda assisti a Samaria (Kim Ki-duk) e Tropical Malady (Apichatpong Weerasethakul). Houve a estréia de filmes de dois dos principais diretores nacionais, o “sem alma” Ensaio Sobre a Cegueira (Fernando Meirelles) e o bom Linha de Passe (Walter Salles). Direto de outra mostra, o insano e brilhante Império dos Sonhos (David Lynch). Lembranças do divertido filme de monstro coreano O Hospedeiro (Joon-ho Bong), de Baixio das Bestas, filme de Cláudio Assis parecido com Amarelo Manga e que novamente não consegui gostar e, por fim, do ótimo documentário Joy Division (Grant Gee).



Outubro


Mês da excessivamente cara Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Para mim, mês da última parte da trilogia da incomunicabilidade de Antonioni, A Noite; de dobradinha Michael Haneke com Cache e Funny Games (original e não a refilmagem) de dobradinha François Truffaut com Jules e Jim e Fahrenheit 451; de conferir o péssimo e constrangedor segundo filme de Richard Kelly depois do cult Donnie Darko, Southland Tales; do ótimo Estômago (Marcos Jorge), do superestimado Canções de Amor (Christophe Honoré); do profundo Felizes Juntos (Wong Kar-Wai); do excelente e clássico A Regra do Jogo (Jean Renoir); de mais um Resnais com Meu Tio da América; do ótimo Na Mira do Chefe (Martim McDonaugh); Julieta dos Espíritos (Federico Fellini) e dois filmes direto da mostra: o engraçadíssimo Segurando As Pontas (David Gordon Green) e A Festa da Menina Morta (Mateus Nachtergaele, sobre o qual eu já escrevi aqui).



Novembro


Novembro foi um mês curto em filmes pela proximidade do final de ano, mas houve boas opções. As lembranças do cinema ficam por conta de Vicky Cristina Barcelona (Woody Allen voltando a forma) e do primeiro e muito bom filme de estréia de Selton Mello na direção, Feliz Natal. No mais, Terra em Transe (de Glauber Rocha), o interessante Estamos Bem Mesmo Sem Você (Kim Rossi Stuart) e dois excelentes filmes: Sindicato de Ladrões (Elia Kazan) com um gigantesco Marlon Brando e o documentário obrigatório Serras da Desordem do cineasta Andrea Tonacci.



Dezembro


O último mês do ano começou muito bem com Pierrot Le Fou, de Jean-Luc Godard, que também apareceu com sua versão dos filmes de ficção científica em Alphaville. No cinema, o novo e divertido dos irmãos Coen, Queime Depois de Ler, Leonera (Pablo Trapero), o espanhol de trash REC (Jaume Balagueró e Paco Plaza), Romance (Guel Arraes) e o novo de Philippe Garrel, A Fronteira da Alvorada. Espaço ainda para Crepúsculo dos Deuses (Billy Wilder, já comentado aqui), o lindo Meu Amigo Totoro (Hayao Miyazaki), o clássico de ficção cientifica de 1951, O Dia Em Que a Terra Parou (Robert Wise), Sr. Vingança (Chan Wok Park), Festim Diabólico (Alfred Hitchcock), o filme natalino definitivo que não poderia faltar nessa época A Felicidade Não Se Compra (Frank Capra) e terminei o ano com o último filme de Robert Altman, A Última Noite.




Esses foram alguns dos destaques que conferi durante o ano. Muita coisa boa e ruim ficou de fora. Para o próximo ano, eu pensarei em uma nova forma de “listar” esses destaques.



Bom, até mais.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Retrospectiva 2008 - primeira parte

A retrospectiva a seguir se refere a alguns destaques conferidos no ano de 2008. Como assisti a uma grande quantidade de filmes (mais de duzentos), muitos ficarão pelo caminho, mas, como eu não ficaria satisfeito em falar apenas sobre o que foi visto no cinema, apenas citarei algumas produções que me causaram algo, sejam para o bem ou para o mal, assistidas em todas as mídias. A seleção não segue preferência. Espero que te ajude ou inspire a curiosidade na hora de ir atrás de algum filme. Bom, tirem os sapatos e vamos entrando na Mansão Roswell.


Janeiro


O ano começou divagar. O primeiro filme do ano foi Extermínio 2. No cinema, o campeão de audiência Meu Nome Não é Johnny e o filme burocrático de Ridley Scott O Gângster. Em Paris foi só o início da minha opinião de que Christophe Honoré é um picareta. Felizmente, houve boas opções como Felicidade (Todd Solondz), o interessante Maria (Abel Ferrara), uma quase cinebiografia de Brian Jones em Stoned (Stephen Woolley e que assisti no mesmo dia da morte de Heath Ledger) e o fantasmagórico O Sétimo Selo (Ingmar Bergman).


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Fevereiro


Mês de entrega de Oscar, foi hora de tentar conferir os cavalos da frente da disputa que faltavam (alguns eu já assistira no final de 2007). Teve a apaixonante Juno (Jason Reitman), mais do mesmo da dupla Tim Burton/Johnny Depp no superestimado Sweeney Todd, mais do mesmo da dupla David Cronenberg/Viggo Mortensen no ótimo Senhores do Crime e a dupla de filmes que deixava todos os outros no chinelo e deve ter causado dores de cabeça nos votantes, Onde Os Fracos Não Tem Vez (Ethan e Joel Coen) e Sangue Negro (Paul Thomas Anderson). Provavelmente, no futuro, esses trabalhos receberão um parágrafo a parte. Destaque ainda para Bagdad Café (Percy Adlon), Uma Verdade Inconveniente (Davis Guggenheim) e Operação França (William Friedkin).


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Março


Março foi um bom mês. No cinema, a inspirada e trágica história de Chistopher McCandless em Na Natureza Selvagem (Sean Penn), a boa reflexão que termina como drama adolescente Persépolis (Marjane Satrapi), o nostálgico Chega de Saudade (Laís Bodanzky) e a excelente homenagem à Bob Dylan Não Estou Lá (Todd Haynes). Ainda pude conferir o belíssimo O Castelo Animado (Hayao Miyazaki) em uma mostra do CCBB. As Amigas (Michelangelo Antonioni) fez parte de minha busca por entender a mente desse cineasta e mergulhei de vez no universo “Wong Kar-Waiano” com Dias Selvagens.


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Abril


Em abril assisti a um ótimo documentário sobre nomes importantes da ficção científica do século XX, Sci-Fi Boys (Paul Davids). Houve ume dobradinha Jim Jarmush com Daunbailó e Dead Man. No cinema, o tocante A Família Savage (Tamara Jenkins), o primeiro filme americano de Wong Kar Wai, Um Beijo Rodado, o um pouco decepcionante O Passado (Hector Babenco), o excelente e musicalmente grudento pequeno grande filme Apenas Uma Vez (John Carney) e o triunfo de Downey Jr. e da Marvel transformando um de seus personagens mais chatos (opinião que só aumentou na saga Guerra Civil) em um divertido filme, cheio de b om humor e ação em Homem de Ferro (John Favreau).


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Maio


No mês das noivas, os olhos do mundo começavam a se voltar para os lançamentos do verão americano. Faculdade a todo o vapor, foi hora de mesclar produções. As menções ficam para o clássico expressionista O Gabinete do Dr.Caligari (Robert Wiene), o preguiçoso-e-frustrante-mas-com-boas-atuações O Sonho de Cassandra (Woody Allen), o segundo longa de Wes Anderson, Rushmore, o inesquecível Amores Expressos (Wong Kar Wai), mais um Jarmush com Sobre Café e Cigarros, o rechaçado por todos Speed Racer (Irmãos Watchowski), o irregular mas interessante Three Times (Hou Hsiao-hsien), o obrigatório Deus e o Diabo na Terra do Sol (Gauber Rocha), a cinebiografia de Ian Curtis Control (Anton Corbijn), o filme pós-trilogia da vingança de Chan Wok Park, I´m A Cyborg, But That´s Ok e o retorno de um certo sessentão em Indiana Jones e a Caveira de Cristal (Steven Spielberg).


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Junho



Junho começou muito bem com Eduardo Coutinho em Cabra Marcado Para Morrer e hora de rever Um Homem Com a Camera (Dziga Vertov). Teve o tocante Longe Dela (Sarah Polley) e o outro filme sobre irmãos Antes que o Diabo Saiba Que Você Está Morto (Sidney Lumet). Completando os destaques, O Ano Passado Em Marienbad (Alan Resnais), Uma Mulher é Uma Mulher (Jean-Luc Godard, ah Anna Karina...), A Noite (Michelangelo Antonioni) e enfim consegui assistir a O Balconista (Kevin Smith).

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Retropectiva 2008 - primeira parte




A retrospectiva a seguir se refere a alguns destaques conferidos no ano de 2008. Como assisti a uma grande quantidade de filmes (mais de duzentos), muitos ficarão pelo caminho, mas, como eu não ficaria satisfeito em falar apenas sobre o que foi visto no cinema, apenas citarei algumas produções que me causaram algo, sejam para o bem ou para o mal, assistidas em todas as mídias. A seleção não segue preferência. Espero que te ajude ou inspire a curiosidade na hora de ir atrás de algum filme. Bom, tirem os sapatos e vamos entrando na Mansão Roswell.



Janeiro


O ano começou divagar. O primeiro filme do ano foi Extermínio 2. No cinema, o campeão de audiência Meu Nome Não é Johnny e o filme burocrático de Ridley Scott O Gângster. Em Paris foi só o início da minha opinião de que Christophe Honoré é um picareta. Felizmente, houve boas opções como Felicidade (Todd Solondz), o interessante Maria (Abel Ferrara), uma quase cinebiografia de Brian Jones em Stoned (Stephen Woolley e que assisti no mesmo dia da morte de Heath Ledger) e o fantasmagórico O Sétimo Selo (Ingmar Bergman).



Fevereiro


Mês de entrega de Oscar, foi hora de tentar conferir os cavalos da frente da disputa que faltavam (alguns eu já assistira no final de 2007). Teve a apaixonante Juno (Jason Reitman), mais do mesmo da dupla Tim Burton/Johnny Depp no superestimado Sweeney Todd, mais do mesmo da dupla David Cronenberg/Viggo Mortensen no ótimo Senhores do Crime e a dupla de filmes que deixava todos os outros no chinelo e deve ter causado dores de cabeça nos votantes, Onde Os Fracos Não Tem Vez (Ethan e Joel Coen) e Sangue Negro (Paul Thomas Anderson). Provavelmente, no futuro, esses trabalhos receberão um parágrafo a parte. Destaque ainda para Bagdad Café (Percy Adlon), Uma Verdade Inconveniente (Davis Guggenheim) e Operação França (William Friedkin).



Março


Março foi um bom mês. No cinema, a inspirada e trágica história de Chistopher McCandless em Na Natureza Selvagem (Sean Penn), a boa reflexão que termina como drama adolescente Persépolis (Marjane Satrapi), o nostálgico Chega de Saudade (Laís Bodanzky) e a excelente homenagem à Bob Dylan Não Estou Lá (Todd Haynes). Ainda pude conferir o belíssimo O Castelo Animado (Hayao Miyazaki) em uma mostra do CCBB. As Amigas (Michelangelo Antonioni) fez parte de minha busca por entender a mente desse cineasta e mergulhei de vez no universo “Wong Kar-Waiano” com Dias Selvagens.



Abril


Em abril assisti a um ótimo documentário sobre nomes importantes da ficção científica do século XX, Sci-Fi Boys (Paul Davids). Houve ume dobradinha Jim Jarmush com Daunbailó e Dead Man. No cinema, o tocante A Família Savage (Tamara Jenkins), o primeiro filme americano de Wong Kar Wai, Um Beijo Rodado, o um pouco decepcionante O Passado (Hector Babenco), o excelente e musicalmente grudento pequeno grande filme Apenas Uma Vez (John Carney) e o triunfo de Downey Jr. e da Marvel transformando um de seus personagens mais chatos (opinião que só aumentou na saga Guerra Civil) em um divertido filme, cheio de b om humor e ação em Homem de Ferro (John Favreau).



Maio


No mês das noivas, os olhos do mundo começavam a se voltar para os lançamentos do verão americano. Faculdade a todo o vapor, foi hora de mesclar produções. As menções ficam para o clássico expressionista O Gabinete do Dr.Caligari (Robert Wiene), o preguiçoso-e-frustrante-mas-com-boas-atuações O Sonho de Cassandra (Woody Allen), o segundo longa de Wes Anderson, Rushmore, o inesquecível Amores Expressos (Wong Kar Wai), mais um Jarmush com Sobre Café e Cigarros, o rechaçado por todos Speed Racer (Irmãos Watchowski), o irregular mas interessante Three Times (Hou Hsiao-hsien), o obrigatório Deus e o Diabo na Terra do Sol (Gauber Rocha), a cinebiografia de Ian Curtis Control (Anton Corbijn), o filme pós-trilogia da vingança de Chan Wok Park, I´m A Cyborg, But That´s Ok e o retorno de um certo sessentão em Indiana Jones e a Caveira de Cristal (Steven Spielberg).



Junho


Junho começou muito bem com Eduardo Coutinho em Cabra Marcado Para Morrer e hora de rever Um Homem Com a Camera (Dziga Vertov). Teve o tocante Longe Dela (Sarah Polley) e o outro filme sobre irmãos Antes que o Diabo Saiba Que Você Está Morto (Sidney Lumet). Completando os destaques, O Ano Passado Em Marienbad (Alan Resnais), Uma Mulher é Uma Mulher (Jean-Luc Godard), A Noite (Michelangelo Antonioni) e enfim consegui assistir a O Balconista (Kevin Smith).

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Versão brasileira...

A dublagem é e, aparentemente, ainda será por algum tempo um assunto controverso no Brasil. Opiniões a favor ou contra brotam de todos os lados, alimentando acalorados debates a respeito do tema e um consenso geral é ainda uma utopia distante. Decidi falar um pouco sobre a dublagem não para por mais “lenha na fogueira”, mas por uma necessidade que senti de escrever sobre o assunto, e essa necessidade partiu de um sentimento de admiração pelos profissionais desse trabalho, não o contrário.


São muitos os argumentos “contra-dublagem”. Desde a “atuação” do dublador (que, geralmente, é também ator de formação) à qualidade de som da dublagem nacional, os detratores desse tipo de trabalho tocam sempre em pontos importantes e fazem críticas pontuais e de verdadeira relevância em muitos casos, mas não em todos. O mais freqüente dos argumentos “contra-dublagem” merece um destaque: o que afirma que a dublagem altera a atuação original do dublador/ator/atriz. Essa afirmação não é errônea. Existem trabalhos onde a dublagem modifica de maneira considerável a voz original, podendo mesmo resultar num produto inferior a seu original, mas essa não é a regra. Para as mudanças no texto, a dublagem deixa claro bem no início que estamos assistindo a uma “versão brasileira”, e não “tradução brasileira” ( “versão brasileira, Herbert Richers”, alguém se lembra?). Xiitas de plantão não podem negar que cada língua possui expressões intraduzíveis ou de significados que, para nós, não fariam o menor sentido, pois dizem respeito a outras vivências e culturas bastante diferentes da nossa. Ou será que podemos esquecer que mesmo as apropriadas legendas passam pelo mesmo sistema de “adaptação”, quando não simplificam textos inteiros? Uma vez que existem histórias de temática universal, não há problema algum em encontrar personagens com sotaques paulistas, cariocas, baianos, jargões como “o cão chupando manga” ou “qualé neguinho” se isso for usado de maneira a contribuir com a identificação com tal personagem ou para nossa melhor compreensão da história – que muitas vezes é o que acaba sustentando a relação filme-espectador. A verdade é que existe um equilíbrio no número de adaptações boas e ruins no que se refere à dublagem nacional. O lugar mais apropriado para se encontrar esse equilíbrio são em trabalhos animados, seja nos tradicionais desenhos ou animes da televisão, ou nos longas-metragens animados que chegam todos os anos às telas de cinema. Por ter uma linguagem mais solta, normalmente com brincadeiras, piadas ou trocadilhos, as animações necessitam de uma adaptação. Um outro ponto freqüente é a questão que se levanta de que “se estamos assistindo um filme dublado, quer dizer que não acompanhamos o desempenho do ator original, uma vez que o ouvimos através de outra pessoa, ouvimos a outra pessoa”. Mas essa afirmação não leva em conta que, no caso dos filmes, o dublador procura, da maneira mais próxima possível, sustentar a entonação, o ritmo, o modo e tudo o que compõe a voz do ator original, não fugindo de sua característica original. Um recurso que vem perdendo um pouco de freqüência por motivos eu desconheço, mas que ainda é utilizado no Brasil, é o recurso do dublador “boneco”. Esse é o caso de dubladores que quase sempre dublam a voz do mesmo ator. Alguns bons exemplos são Mário Jorge, dublador do John Travolta, ou saudoso Newton da Matta, falecido em 2006 e dublador do Bruce Willis.


Pensar na dublagem como uma deturpação da obra original parece às vezes um pensamento bastante ingênuo e desinformado quanto aos profissionais do ramo. No Brasil, o dublador tem de ter registro de ator – até quatorze anos, o jovem não precisa de registro profissional, mas de uma autorização da Vara da Infância e Juventude – e para se obter esse registro, excluindo-se o caso de “eventuais” picaretagens que acontecem em todas as áreas, é preciso que suas atividades como ator ou artista sejam comprovadas com um portfólio ou qualquer outro meio de registro de suas atividades no meio. Além disso, a maior parte dos dubladores nacionais são profissionais que fazem da dublagem sua principal atividade de trabalho, ou seja, há aí todo um estudo acadêmico de atuação somado a uma experiência de campo específica, que é cada vez mais aperfeiçoada com o passar dos anos. E não só isso, dão aulas em escolas de dramatização, atuam em peças de teatro, eventualmente fazem trabalho menores na televisão ou cinema, desenham quadrinhos, escrevem, enfim, realizam uma inumerável quantidade de trabalhos diversos ao de dublagem mas que podem comprovar suas habilidades para esta função.


Claro que não são todos os trabalhos dublados que são dignos de nota e existem estúdios que realmente dispõem de material precário e profissionais inexperientes, mas isso é um fato natural, assim como existem filmes ruins ou com características ruins. Mais fundamentadas seriam as críticas às distribuidoras que cada vez mais adquirem o hábito de utilizar “celebridades” da televisão para dublar os filmes de potencial lucrativo. Atores sem a menor preparação são colocados como protagonista, reservando para os dubladores profissionais os papéis de coadjuvantes que, não raro, roubam a cena. E essa manobra de marketing não é uma decisão dos estúdios, mas das distribuidoras.


Mas o fator mais impressionante é pensar no número de pessoas que critica o material dublado num país onde há cerca de 16 milhões de analfabetos, além das pessoas com dificuldades de leituras por N fatores e, claro, das crianças ainda em idade de alfabetização.



O direito de acesso ao áudio original deve ser inegável àqueles que optarem por esse material, mas que a mesma forma se dê no que diz respeito ao material de áudio dublado. Talvez, ao invés de criticar se uma produção deva ou não ser dublada, fosse mais relevante investir em estudos para uma melhor distribuição e divisão dos dois tipos de áudio (original e dublado), de forma que cada grupo pudesse desfrutar da obra audiovisual da maneira que achar melhor, mas, infelizmente, isso parece ainda uma utopia frente a uma discussão generalizada, de maneira muitas vezes desinformada e preconceituosa.


Por ora, ficam meus parabéns a tantos profissionais da área como Guilherme Briggs, Alexandre Moreno, Alessandra Araújo, Alfredo Rollo, Bianca Alencar, Márcia Regina, Wendell Bezerra, Waldyr Santana, Garcia Neto, Mirian Fischer, Élcio Sodré, Hermes Barolli, Cecília Lemes, Carla Pompillo, Márcio Seixas, e tantos outros.


A seguir, o link para um trabalho feito por alunos da PUC-Rio sobre dublagem.






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Feliz ano velho

a_felicidade_nao_compra


 


Mais um ano cinéfilo chegou ao fim. Foram cerca de 238 filmes que assisti em 2008, entre cinema, televisão, VHS (ainda não aposentei o meu), DVD e outras formas que acabo inserindo em uma das anteriores. Trabalho com uma tabela de registro desde 2005 e, desde então, ano-a-ano o número de filmes vem aumentando, mas não pretendo passar muito da média atual.


Fico com a impressão que 2008 não foi um ano com muitas opções memoráveis no cinema, ao menos, não como a sensação dos anos anteriores. Sendo assim, foi um ano para descobrir circuitos alternativos e investir nos meios caseiros (DVD, VHS e PC). Felizmente, dessa busca, foi possível me aproximar enfim de cinematografias obrigatórias de personagens centrais na história do cinema, coisa que vinha tendo dificuldades por ter de dividir o tempo com os trabalhos e pesquisas da faculdade. Mas foi mesmo a partir dessas pesquisas que, o que era opção, se tornou uma obrigação para, em seguida, se tornar uma necessidade. Com prazer me aproximei de Godard, Glauber, Antonioni, e tantos outros para conferir seus trabalhos. Um estudo sobre as vanguardas européias me auxiliou a entender melhor a linha do tempo cinematográfica e os acontecimentos que pontuaram essa história. Entender as diferenças essenciais entre Vertov e Eisenstein no construtivismo russo, o impressionismo francês,o expressionismo alemão, a trinca neo-realismo italiano/ nouvelle vague francesa / cinema novo brasileiro e de outras nacionalidades, Hollywood, apenas para ficar em alguns temas. Evidente que a intenção era sempre observar e entender seus processos, e não gostar de tudo o que me foi apresentado. É curioso notar que houve vários trabalhos e movimentos com os quais não consegui obter interesse ou identificação apesar da necessidade de estudá-los (não consigo me dobrar a Fellini, Truffaut é absurdamente irregular e, por mais que eu goste de Wenders, tendo a achar que, ao menos a partir da última década e meia, ele é superestimado). Mas é exatamente essa diversidade que alimenta a vontade de continuar a estudar e fazer cinema.


Foi também um ano de descobertas, confirmações e paixões. Ótimas descobertas de nomes do documentário como Eduardo Coutinho e Andrea Tonacci; de confirmações dos cinemas de Paul Thomas Anderson e do cinema nacional e, finalmente, paixão pelo cinema de Resnais e Wong Kar-Wai, cineastas que fazem parte de minha pesquisa acadêmica sobre o espectador.


Enfim, há muito que dizer sobre o cinema do ano de 2008 e, ao longo deste ano, eu poderei retomar pontos importantes e escrever sobre os mesmos de maneira mais aprofundada.


A seguir, um texto que sobre a dublagem e uma retrospectiva pessoal, mês-a-mês, sobre os filmes de 2008.


Muito cinema para todos nós em 2009. ^_^