segunda-feira, 6 de abril de 2009

Entre Os Muros da Escola

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Saí pesado da sessão de Entre Os Muros da Escola, exausto, com dificuldade de ligar alguns raciocínios. Percebi que o filme exigira demais de mim, que por quase duas horas tentei em vão encontras certos e errados para poder dormir com a consciência tranqüila. Felizmente, eu não encontrei nenhuma resposta cômoda.

Entre Os Muros da Escola, do diretor Laurent Cantet, mostra o dia-a-dia de um professor de francês e sua turma da 7ª série de um colégio público na França. Os alunos representam a pluralidade étnica resultante tanto da globalização quanto dos tempos da França colonizadora. Nesse aspecto, o filme mostra-se bastante atual, não se esquecendo do preconceito que cada grupo expressa a respeito do outro, ainda que maquiados pela imaturidade dos jovens.


Não há muito que dizer de “história”, pois o filme se desenvolve ora por fatos específicos que desencadeiam ações posteriores, ora por fatos isolados de algum dia qualquer durante o ano letivo.


Isso reforça a opção pela imparcialidade do diretor Cantet, ainda que acompanhemos o professor François Marin por todo o filme. Na verdade, mesmo que tente seguir o rigor das regras do seu trabalho, parece que Marin é um dos poucos que consegue enxergar o outro lado, o do aluno.


É essa questão que transforma o filme num exercício tão difícil. Provavelmente, se eu o tivesse assistido há 5 anos, não seria tão difícil escolher um lado como é agora. O filme nem mesmo parece exigir isso. A proposta é de representar o pequeno universo que dentro dos muros de uma escola – a única cena exterior é a do começo do filme, quando Marin toma seu café numa lanchonete - e como se relacionam seus principais habitantes, alunos e professores, que por si só já compõe mais dois outros universos que é o dos jovens adolescentes e o dos adultos. Para explicitar essa situação: a cena do professor que entra na sala dos professores esbravejando seus alunos e desabafando sobre suas frustrações enquanto seus colegas apenas o ouvem solidariamente até que, sozinho, ele se acalma; no outro lado, os alunos se juntam em protesto contra a possível expulsão de um colega, que protagoniza momentos de céu e inferno no mesmo ano.


Existe um balanço de forças durante o filme. Se os jovens são inexperientes e imaturos, não deixam de ser cruéis em suas palavras ou ações, assim como os professores que se dedicam à educação, mas esbarram na necessidade de cumprir as leis que lhes impõe as instituições da sociedade.


O grande objetivo (e problema) da comunicação acaba mesmo sendo o “outro”, a necessidade de se fazer entender pelo outro. Se a intenção era explicitar esse imenso ruído na comunicação entre professores e alunos, na difícil tarefa de conduzir a educação nas escolas (principalmente as não-particulares), o sentido ficou bem claro.


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